quarta-feira, 27 de março de 2013

O "perigo" das generalizações.






Depois de ter visto tanta indignação dirigida à reportagem da TVI, decidi vê-la e perceber o porquê disto estar a acontecer.

A reportagem, não diz nada para além da verdade, embora eu ache que quando se mostram os exemplos menos bons da nossa juventude, mesmo sendo isso que vende e que dá audiências, deve-se também mostrar aquilo que temos de bom e de melhor.

Generalizar só trás indignação, má disposição e acima de tudo, mal entendidos.

Depois do que vi, sinto-me muito bem comigo mesma, por ser uma excepção àquela que mostram como a regra do nosso país.

Só tenho a agradecer a quem me educou, aos meus avós, à minha mãe e à minha restante família que sempre tive por perto. A sério, sinto-me mesmo feliz por não me enquadrar no grupo de jovens que está idealizado na reportagem.

Numa sociedade onde o sexo está cada vez mais banalizado, e onde miúdas cada vez mais novas andam com roupa cada vez mais curta, consigo perceber o porquê desta generalização.

Percebo porque esta é a regra da sociedade, percebo porque é com estas imagens que somos bombardeados não só na televisão, mas também nas revistas e nos locais públicos.

Percebo, mas não acho bem nem concordo com a generalização.

Porque no meio de tanta coisa má, há sempre alguém que se destaca pelo lado positivo.

Há sempre alguém que é diferente e que não vive para dar nas vistas ou chamar à atenção.

Muita da culpa do que está demonstrado na reportagem é dos pais de quem lá está a dar a cara.

Não me venham com tretas a dizer que a culpa é dos “Morangos com Açúcar”2, da “Casa dos Segredos” e do “Big Brother”.

A TVI não obriga ninguém a ver tais programas. Vocês vêem porque querem.

Admito, também tive a minha altura de os ver, mas tenho 21 anos e não acho que tenha sido por causa disso que comecei a sair com roupa curta, a meter-me com cada gajo que me aparece à frente ou a apanhar bebedeiras em cada saída à noite.

Muito pelo contrário, saio à noite para me divertir e não para ficar bêbeda, sou exigente e tenho amor-próprio suficiente para saber dizer “NÃO” à quantidade de imbecis que aparecem na noite e que só querem cama, valorizo-me ao ponto de saber “chamar à atenção” sem precisar de usar roupa curta ou saltos altos.

Para mim, boa conversa atrai muito mais que pouca roupa.

É triste ver como os nossos jovens são caracterizados, é triste ver que para além duma crise financeira, cada vez mais existe uma crise de valores neste país.

Mas, apesar de tudo isto, sinto-me feliz, porque sei que não sou em nada parecida com esta generalização.

Gosto de ser a “anormalidade”, pois aquilo que está representado na reportagem é cada vez mais a “normalidade” neste país.

Como li num comentário na página da TVI, “Façam uma reportagem com cinco miúdas com alguma cabecinha e coerência. Eu sei meus senhores, eu sei que Portugal foi trespassado ao pessoal da mini-saia e do engate, mas podemos voltar a trespassá-lo ao pessoal do pijama e da pantufa? É tão mais importante almoçar valores e jantar valores do que ouvir a famosa conversa do "tomamos um cafezinho e logo se vê." Vamos acordar, minha gente.”. 

Eu não podia concordar mais com isto, porque tem que se mostrar que ainda há excepções à regra.

E orgulho-me de puder dizer que sou uma delas. 

«Sandy»