Depois de ter visto tanta
indignação dirigida à reportagem da TVI, decidi vê-la e perceber o porquê disto
estar a acontecer.
A reportagem, não diz nada para
além da verdade, embora eu ache que quando se mostram os exemplos menos bons da
nossa juventude, mesmo sendo isso que vende e que dá audiências, deve-se também
mostrar aquilo que temos de bom e de melhor.
Generalizar só trás indignação,
má disposição e acima de tudo, mal entendidos.
Depois do que vi, sinto-me muito
bem comigo mesma, por ser uma excepção àquela que mostram como a regra do nosso
país.
Só tenho a agradecer a quem me
educou, aos meus avós, à minha mãe e à minha restante família que sempre tive
por perto. A sério, sinto-me mesmo feliz por não me enquadrar no grupo de jovens
que está idealizado na reportagem.
Numa sociedade onde o sexo está
cada vez mais banalizado, e onde miúdas cada vez mais novas andam com roupa
cada vez mais curta, consigo perceber o porquê desta generalização.
Percebo porque esta é a regra da
sociedade, percebo porque é com estas imagens que somos bombardeados não só na
televisão, mas também nas revistas e nos locais públicos.
Percebo, mas não acho bem nem
concordo com a generalização.
Porque no meio de tanta coisa má,
há sempre alguém que se destaca pelo lado positivo.
Há sempre alguém que é diferente
e que não vive para dar nas vistas ou chamar à atenção.
Muita da culpa do que está
demonstrado na reportagem é dos pais de quem lá está a dar a cara.
Não me venham com tretas a dizer
que a culpa é dos “Morangos com Açúcar”2, da “Casa dos Segredos” e do “Big
Brother”.
A TVI não obriga ninguém a ver
tais programas. Vocês vêem porque querem.
Admito, também tive a minha
altura de os ver, mas tenho 21 anos e não acho que tenha sido por causa disso
que comecei a sair com roupa curta, a meter-me com cada gajo que me aparece à
frente ou a apanhar bebedeiras em cada saída à noite.
Muito pelo contrário, saio à
noite para me divertir e não para ficar bêbeda, sou exigente e tenho
amor-próprio suficiente para saber dizer “NÃO” à quantidade de imbecis que
aparecem na noite e que só querem cama, valorizo-me ao ponto de saber “chamar à
atenção” sem precisar de usar roupa curta ou saltos altos.
Para mim, boa conversa atrai
muito mais que pouca roupa.
É triste ver como os nossos
jovens são caracterizados, é triste ver que para além duma crise financeira,
cada vez mais existe uma crise de valores neste país.
Mas, apesar de tudo isto,
sinto-me feliz, porque sei que não sou em nada parecida com esta generalização.
Gosto de ser a “anormalidade”,
pois aquilo que está representado na reportagem é cada vez mais a “normalidade”
neste país.
Como li num comentário na página
da TVI, “Façam uma reportagem com cinco
miúdas com alguma cabecinha e coerência. Eu sei meus senhores, eu sei que
Portugal foi trespassado ao pessoal da mini-saia e do engate, mas podemos
voltar a trespassá-lo ao pessoal do pijama e da pantufa? É tão mais importante
almoçar valores e jantar valores do que ouvir a famosa conversa do
"tomamos um cafezinho e logo se vê." Vamos acordar, minha gente.”.
Eu não podia concordar mais com
isto, porque tem que se mostrar que ainda há excepções à regra.
E orgulho-me de puder dizer que
sou uma delas.
«Sandy»